"Uns ignoram, outros odeiam estas gentes. Não é um movimento, não é uma cultura, mas estão por toda a parte e há quem diga que são mais eles do que nós. São os “antis” no mundo ultra. Mas afinal quem são estas pessoas? Devemos ignorar ou responder?
“Rui” (nome fictício) de 33 anos é taxista na zona de Lisboa. Diz-nos que adora futebol e acompanha todas as competições que consegue desde pequenino. Auto-denomina-se um “grande adepto do desporto rei e claro, do Benfica”. No entanto, nunca pensou em ir para uma claque apoiar o seu clube do coração. “Gosto de ver o futebol descansado. Nas claques não se vê nada! Pergunto-me se eles gostarão sequer de ver futebol !” diz-nos.
O discurso dos antis é invariável… não se nota grande diferença em termos de discurso de um para o outro. Não tem uma idade média e não é necessariamente do sexo masculino. Eles é que são os adeptos “normais”… nós somos os diferentes, os anormais! Nem quer dizer que seja, de todo, um ignorante ou um analfabeto. “Eu percebo de futebol. E sei que este se estragou por culpa das claques! Antigamente, no estádio da luz, existia o inferno do terceiro anel. Tudo enchia-se de bandeiras e cachecóis! Lançavam-se rolos de papel higiénico e fitas cá para baixo! Haviam grandes noites europeias e toda a gente apoiava o Benfica! Desde que chegaram as claques organizadas que a paixão se perdeu… Mas ganhámos confrontos e ódio – coisa que eles (os ultras) tanto gostam!” diz num tom de indignação o taxista. Quando lhe sugerimos que a razão de não haverem ambientes como nos anos 80 ou 90 poderá ser do preço dos bilhetes excessivamente alto, do futebol negócio e vários outros factores, “Rui” responde prontamente “Poderá , sim, ter influencia. Mas as claques também são um factor para que se tenha perdido tudo isso” mas porquê? “Hoje em dia já não vou a um Benfica Porto por ser um jogo de alto risco, onde chovem pedras e acendem-se “very-lights” (referencia a tochas) na bancada. É terrorismo desportivo !”
Também comum nos antis, é rotular quem está por dentro do nosso movimento, como drogados ou marginais. Como “Daniel” (nome fictício) sportinguista de 45 anos nos diz sem hesitar: “ A claque do meu clube não é melhor que os outros, não digo isso! São todas iguais: armas, droga, crimes… eu não sou extremista, e até podia compreender, mas factos são factos! Eles roubam, agridem…. Enfim, o melhor que há a fazer é voltar á antiga : cada um com o seu cachecol. E o fim dos… “ultras” “
Pessoalmente, não os consigo desprezar. É um defeito que tenho. Não consigo “fingir” que esta gente não existe. Não consigo abstrair-me da campanha que fazem diariamente nos jornais, na rádio, nos cafés. Como posso ignorar os olhares das pessoas nos nossos cortejos, que olham para o meu grupo como se de um “gang” se tratasse? E o que os pais dizem aos filhos em casa… a desencorajar os rapazes de virem para as curvas!
Na época passada presenciei um acontecimento que agravou este meu sentimento contra os tais “antis”. Era um jogo fraquinho e faltava ainda algum tempo para a partida. Não me recordo bem qual era, penso que seria Benfica – Naval no estádio da luz. Estava encostado á parede da megastore, ao pé da estátua do Eusébio. Então, um rapaz que devia ter não mais que 11 anos, vem ter na minha direcção. Pelo que percebi, talvez gostasse de ver as claques… fez-me gestos para que mostrasse o cachecol que tinha ao pescoço, que era um cachecol simples que apenas dizia SLBenfica. Mas nem tive tempo para desapertar o nó. Porque o individuo que penso que seria o pai da criança apressou-se a berrar : “Não vás para ai! Ai está gente das claques!”. Como se de um campo de … leprosos se tratasse aquele humilde muro!
Ignorância? Estupidez? Ninguém sabe bem definir. A verdade e que esta campanha se vai alastrando cada vez mais e os jovens vão sendo desencorajados a ir para as curvas. Acontecimentos destes multiplicam-se!
“ Não vou para uma claque, é perigoso e não sou maluco o suficiente para me meter naquele confusão “ diz um rapaz de apenas 13 anos, Sportinguista. A culpa não é dele, é da difamação que se propaga á volta dele! Se investigarmos bem é muito mais perigoso um pai deixa o filho sair á noite, para uma discoteca, do que deixa-lo ir ver um jogo para junto de uma claque…
“As claques já mataram pessoas (referindo-se ao trágico caso de 1996. Assaltam jogo a jogo bombas de serviço. Atiram pedras, traficam droga e armas. No fundo, são apenas uma forma de instalar a violência e ideais de extrema direita no futebol! Em Inglaterra já acabaram, e ainda bem!” é um Portista de 51 anos que nos diz isto. Claro que lhe tentámos explicar que o que acabou em Inglaterra foi os “hooligans” o que é bastante diferente. “Qual é a diferença?”.
“Tenho ou não direito de ver o futebol sem levar com aquela fumarada e ouvir petardos? E porque é que a mim não me deixam entrar uma tampa de garrafa da água e as claques entram com pirotecnia extremamente perigosa? Eu não posso entrar com uma bandeira de menos de um metro com um pau de plástico – eles entram com bandeiras gigantes! É uma vergonha!” diz-nos ainda um rapaz de apenas 24 anos do clube da Luz.
O que devemos fazer, ignorar? Sim. Contra mim falo é certo… pois não consigo. Mas é o mais correcto a fazer. Lutem pelo movimento ultra, ajudem o vosso grupo… cultivem os bons ideais ultras e desprezem os “parasitas” desta cultura que tanto trabalho deu a contruir! Unidos ninguém nos vai derrubar!" Texto by: Amigoultra
Boas podem me informar onde se pode arranjar material pirotecnico? (tochas)
ResponderEliminarhttp://www.ultrasshop.com/
ResponderEliminarCumps movimento ultra.
Obrigado por pores aqui amigo ;)
ResponderEliminarAmigoUltra
PS: O texto que publicaste e teu? É excelente !